Gerar ideias é pensar fora da caixa. É não guardar para si iniciativas e soluções que podem ajudar ao outro e servir a coletividade. É nunca se acomodar. Geração de Ideias é um blog que compartilha informação e conhecimento, mas também é um espaço de criação. Nosso foco é captar tendências, apresentar novidades, que discutidas podem transformar a nossa vida. Esse é o forum que permite o encontro das boas ideias aonde quer que elas estejam. Vamos lá?


sábado, 16 de junho de 2012

O NOVO JOÃO E O VELHO IMPERATOR

        Em 12 de junho de 2012, dia dos namorados, o Rio - especialmente a Zona Norte, recebeu um grande e esperado presente. A data marcou a inauguração do mais novo espaço cultural da cidade. O Centro Cultural João Nogueira, ou para os mais íntimos, o antigo cinema Imperator.
        Aberto em 1954, considerado à época como o maior cinema da América latina, o cine Imperator provocou um enorme espanto na comunidade com os seus 2400 lugares e o seu tamanho monumental, transformando o jovem bairro do Méier no grande pólo de entretenimento da Zona Norte. Reunia as famílias, casais de namorados e toda a gente apinhada no interior da sala, ávidos para assistir as chanchadas da Atlântida ou os astros de Hollywood influenciando toda uma geração de jovens com o seu comportamento “transviado”, provocando um enorme alvoroço com as lambretas estacionadas na porta do cinema, com moças e rapazes, todos querendo ser um pouco Elvis Presley, James Dean ou Marilyn Monroe.
        Nesse ritmo passaram-se exatos 32 anos de intensa exibição de filmes para todos os públicos, até que, em 1986, o cine Imperator fechou as portas pela primeira vez. Era o desfecho de uma grave crise de público nos cinemas de rua, que trocou a agitação do calçadão na porta do cinema pelo conforto e segurança das pequenas salas dos shopping centers, uma alternativa que chegou para ficar.
        Passados cinco anos do seu fechamento, o cine Imperator surpreendeu a todos mais uma vez com a sua reinauguração, agora em novo formato, o de casa de espetáculos. Coube a ninguém menos que Shirley MacLaine a tarefa de retomar a tradição e o brilho no primeiro de muitos shows memoráveis que ocorreram na casa. De Bob Dylan a Tom Jobim, todos reforçaram a vocação do espaço que nasceu para abrigar os grandes espetáculos da cidade junto com o querido Canecão.
        O glamour e as luzes do Imperator apagaram-se rápido. Em 1995, a casa fechou as portas pela segunda vez sem perspectiva de reabertura. A crise financeira era grave. Maior ainda era a preocupação do seu público de ver o cine Imperator transformado em templo religioso, fenômeno dos anos 90 que praticamente acabou com os cinemas de rua. O tempo passou. Infelizmente nos acostumamos a ver o cine Imperator fechado. Pior: uma geração de moradores do Méier sequer o viu funcionar. O bairro estava em transformação, decadente. Nossa forte inclinação comercial definhara com o tempo. As grandes lojas, âncoras comerciais, deixaram o bairro e o Imperator, é claro, não agüentou este baque.
        Para alívio da comunidade, em 2002, o então Governador Anthony Garotinho desapropriou o local com a promessa de transformá-lo em centro cultural. Era um fio de esperança. A promessa não foi cumprida, é obvio, mas tínhamos a certeza de que o cine Imperator jamais viraria igreja. O Governador com este ato impediu para sempre que o grande templo da cultura na Zona Norte se transformasse em mais um teatro da fé.
        A nossa esperança continuava intacta. Não havia projetos, ideias capazes de retomar o cine Imperator. Como pode um espaço cultural no coração da Zona Norte, com a tradição e o tamanho do Imperator ficar fechado por tanto tempo? Nunca saberemos responder esta pergunta. No entanto, quis o destino ou o simples acaso que a campanha eleitoral para a Prefeitura do Rio passasse pelo Méier. Foi o momento de dar a virada. Todos os candidatos comprometeram-se com a construção de um novo centro cultural para a região, agora com o nome de João Nogueira, músico, compositor, figura intimamente ligada ao Méier, lugar onde morou, criou o Clube do Samba e tornou-se embaixador do bairro na boemia carioca.
        Finalmente, em 2010, os projetos para a construção e o lançamento do edital de licitação estavam prontos. Em junho de 2012, a Prefeitura do Rio oferece aos cariocas o maior centro de cultura e lazer da Zona Norte. Um presente para o Méier recuperar o seu verdadeiro tamanho, sua capacidade de irradiar cultura e tendências para todo o subúrbio.
O Centro Cultural João Nogueira pode e deve interromper a trajetória descendente que o bairro traçou nos últimos 20 anos. Nada melhor do que cultura para dar essa guinada. O novo espaço contará com uma sala de espetáculos, três salas de cinema, áreas para exposição, livraria, midioteca, cybercafé, restaurante e espaço para o acervo de João Nogueira. Foram 28 milhões de reais investidos na obra que vai mudar a cara do Méier. Não só um centro cultural, mas também uma casa que vai recuperar o velho Imperator na memória afetiva de muitas gerações que por lá passaram.
 Estamos na torcida, contando os dias para que as luzes novamente se acendam na Rua Dias da Cruz, que as cortinas se abram para o público confiante de que desta vez é pra valer, que viramos a página, com a esperança de que essa porta jamais se fechará.

Até a próxima!

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