Gerar ideias é pensar fora da caixa. É não guardar para si iniciativas e soluções que podem ajudar ao outro e servir a coletividade. É nunca se acomodar. Geração de Ideias é um blog que compartilha informação e conhecimento, mas também é um espaço de criação. Nosso foco é captar tendências, apresentar novidades, que discutidas podem transformar a nossa vida. Esse é o forum que permite o encontro das boas ideias aonde quer que elas estejam. Vamos lá?


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A culpa é do Fidel



    A escola brasileira dos anos 80 e 90 foi regida por uma doutrina e até mesmo uma inclinação muito favorável ao regime cubano. Alunos foram formados admirando as proezas e o heroísmo de Fidel e sua tropa, que libertaram seu povo do chicote do capital na consagrada batalha de Sierra Maestra, marco da revolução cubana.
  É natural a simpatia dos professores de história pelos feitos de Castro. A formação de esquerda num regime militar “linha dura” como o nosso, foi fundamental para a formação de uma resistência e esperança num amanhã democrático tão almejado por nossa sociedade.
    Os alunos cresceram, o mundo mudou muito rápido e o nosso olhar sobre política deixou de trabalhar apenas com a visão majoritária dos vitoriosos, entendendo que é fundamental ver e ouvir a posição das minorias na sua plenitude para tentar montar o quebra-cabeça da história e da vida.
   A chegada da blogueira Yoani Sánchez ao Brasil para uma rodada de palestras impôs a mim algumas reflexões sobre a formação escolar que recebi.
   Externo, sem constrangimento, a minha opinião. Acho-a uma chata! A baixíssima repercussão sobre o cerceamento à liberdade de expressão ocorrida ontem em Salvador me preocupou. Que práticas como essa sejam comuns na ilha de Fidel, vá lá, não é nenhuma novidade.  Mas o impedimento à blogueira de falar – simplesmente falar – as impressões que tem do momento político de seu país, sob a acusação de traição à pátria, mostra o flerte perigoso entre a militância partidária a serviço do poder e a intolerância com o contraditório.
    Qual a razão para calá-la? Há algo de novo na tragédia em que Cuba se transformou que ainda não sabemos? O que pode ser considerado uma traição à pátria?
    Me questiono:
    Pode ser bom um regime que mantém há seis décadas, independente da vontade popular, o mesmo mandatário sob um falso manto revolucionário de igualdade?
    Pode ser bom um regime que impede a livre manifestação do pensamento num país que possui um único jornal?
    Pode ser bom um regime que limita o ir e vir dos cidadãos que desejam respirar novos ares em razão do seu descontentamento e discordância?
    Pode ser bom um lugar onde não há riqueza material (é o que dizem), contudo a experiência da pobreza é socializada e comunitária, a ponto de faltar papel higiênico para as necessidades mais elementares?
   Será que Fidel e Raul Castro estão irmanados no mesmo espírito de pobreza e miserabilidade que impuseram aos seus irmãos cubanos?
     A reação absurda de ontem me conduziu a essa reflexão muito particular.
    Há pessoas que admiram esse regime, mesmo após 60 anos de revolução com os resultados sociais que produziram para o povo cubano. Respeito a opinião dessas pessoas e a defesa que fazem do regime, é legítima. Mas persisto nos questionamentos de antes. A vida dos cubanos melhorou ou piorou nos últimos 60 anos? Isso é o que importa para além dos discursos ideológicos.
   O direito à liberdade de expressão no Brasil é a garantia de qualquer individuo se manifestar, buscar e receber ideias sobre qualquer coisa, desde que saiba suportar e entender as consequências próprias da democracia.
    Temos que defender o direito de expressão de todos, concordando ou não com a sua forma ou conteúdo, ou voltaremos para o limbo das meias liberdades, do silêncio-surdo que já vivemos um dia não muito distante. Um lugar sem eco para a voz da liberdade de um Brasil que espero que tenha ficado para trás.

Um comentário:

  1. Adorei o seu artigo.
    Acho que toda experiência histórica tem um tempo de validade. O mundo não poderia passar sem a Revolução Cubana. O problema é que envelheceu, perdeu a força, caiu do galho e vai apodrecendo junto com Fidel e seu radicalismo burro.
    Talvez, se resgate a importância do ato revolucionário, algum dia. Hoje, não passa de um arremedo anacrônico e ridículo do que deveria ter sido e não foi.
    Gostei muito das suas opiniões!

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